domingo, 17 de março de 2013

"Crescer ou Não-Crescer; Eis a Questão!"


"OH!! que saudade que eu tenho, da aurora da minha vida, 
da minha infância querida, que os anos não trazem mais..."

Assim... Com um trecho de um belo poema de Casimiro de Abreu que inicio essa jornada.

Quantos de nós, ao entrarmos na tão desejada "Vida Adulta" , não nos pegamos por algum momento com este ingênuo pensamento?
Alguns pelo tempo ter levado entes queridos, outros pelas dificuldades profissionais, problemas pessoais...
Como dói crescer! Desabrochar para o mundo, perder a cápsula protetora. Todos os passos que antes pareciam livres e seguros, perdem sua ingenuidade frente aos lobos sociais.
Temido momento esse, parar em frente ao espelho, tendo que escolher algo, alguém, futuro... Machucando muito mais ao entender que cada escolha desta requer uma renúncia... E essas renúncias, meu caro, me parece que serão sempre fardos do passado que atormentam qualquer presente.

E aquela saudade, vontade de correr pro colo do papai, receber algumas broncas, sempre seguidas de abraços e afagos. O mundo era meu, eu era conquistadora, pirata e mocinha na mesma história. Enfrentava bandidos perigosos, dragões poderosos e monstro do escuro debaixo do meu cobertor. Nos meus contos o bem sempre vencia o mal.

Engraçada a vida, não? As voltas e as situações inesperadas que ela nos traz.
E ao que me parece vamos vivendo assim, esperando os anos passarem trazendo cada vez mais responsabilidades, angústias, afetos e desafetos.
Nos amores, uma idas, algumas vindas, o acreditar no "amor eterno" ou no "no conto de fadas" parece cada vez mais impossível. E como os relacionamentos e as pessoas são complicadas, não?
Alguns vivem algo meio egoísta, outros... Esperam sempre de alguém. Depositam seus sonhos, planos e vida em um outro ser e descontam neste, talvez coitado, todas as suas frustrações e infelicidades.

Como é difícil ser adulto, tomar decisões importantes (geralmente sem volta) a cada instante. Como se vivêssemos sempre com uma arma apontada para a nossa cabeça.
Se pensamos no próximo, somos bobos ou sofremos por tal altruísmo, se pensamos primeiramente em nós, somos egoístas e sofremos com a ideia de ficarmos sozinhos.
Se vencemos ou somos derrotados, recebemos críticas da mesma forma. Se somos sensíveis ou fortes demais, ouvimos reclamações.

Ah! Se eu pudesse correr daqui! Me esconder no meu cantinho, conversar com as flores e estrelas. 
Ah! Como eu queria que a lua ainda olhasse pra mim, cuidasse dos meus sonhos e sentimentos. E levasse embora as mágoas, tristezas e dores logo ao amanhecer.

Paro e me pergunto... "Que diabos faço aqui, neste mundo sem cores, amor inocente pelo próximo ou amizades e sorrisos sinceros? Onde foi parar a verdade dos olhos, do abraço e das palavras? Por que as coisas se perderam? E em que lugar posso reencontrá-las?"

Enquanto as angústias, nostalgias e incertezas me perseguem. 
Sigo escolhendo a roupa de amanhã, o melhor plano de saúde, hospital, trabalho, faculdade...
Escolho o amor do momento, os amigos próximos e a próxima festa.
Esqueço o mais profundo significado de cada ato e pensar, e continuo buscando a "aventura e magia" que só tem a ver pra quem já foi criança um dia.